terça-feira, 10 de maio de 2011

6 - O MESTRE DOS MESTRES DA QUALIDADE DE VIDA

Lapidando a personalidade humana

    Jesus nasceu numa manjedoura, entre os animais. Com dois anos de idade, devia estar brincando, correndo atrás das borboletas, procurando os pássaros entre as árvores, mas, embora tão novo, foi perseguido de morte por um rei violento, que, aliás, já havia levado à morte dois de seus fihos: o rei Herodes.
   
    Teve de fugir com seus pais para o Egito. Em alguns trechos, era carregado pelos pais; em outros, fazia longas e extenuantes caminhadas a pé ou em cima do lombo desconfortável de um animal. Situações estressantes como essas fariam parte da sua rotina.

    Quando adolescente, teve de trabalhar cedo para poder sobreviver. Carpinteiro de profissão, tinha de suportar sobre os seus ombros pesadas toras e lapidá-las pacientemente. O sol escaldante refletia-se no seu rosto e desidratava-lhe a pele. Foi um jovem sem privilágios sociais.

    Pelas dificuldades da vida e pelos estímulos estressantes que atravessou, era de se esperar que desenvolvesse uma personalidade ansiosa, irritada, intolerante. Mas, quando abriu a boca ao mundo, nunca se viu alguém tão dócil e sereno. A paciência e a tolerância  teciam a colcha de retalhos da sua inteligência.

    Pelo trabalho pesado e pelas perseguições sofridas era de se esperar que sua sensibilidade fosse pobre, mas a arte da observação lhe saciava a alma. Enquanto lapidava as toras de madeira, analisava a personalidade dos passantes. Enquanto penetrava no cerne dos troncos, vasculhava os porões da emoção humana, compreendia os seus conflitos e contradições.

    O carpinteiro de Nazaré se preparou, sem que ninguém percebesse, para ser o escultor da personlidade, o artesão da inteligência humana. Por iss, embora tivesse plena consciência das nossas frgilidades, falhas e insanidades, amou apaixonadamente a humanidade. Dizia orgulhsamente que era um ser humano, o filho do homem.

    O Mestre dos mestres não se sentou nos bancos de uma escola clássica, mas foi o mais excelente aprendiz da escola da vida, uma escola em que muitos intelectuais fracassam. Enquanto golpeava os pregos com o martelo, exercitava seus pensamentos, analisava os eventos da vida, extraía grande prazer das pequenas coisas.

    O resultado desse exercício clandestino foi que expressou uma inteligência e uma oratória sem precedente. Não tinha microfone nem ambiente adequado para falar. Mas, quando discursava, a multidão se silenciava como criança que se delicia como o leito materno. Cativava a todos com suas idéias. Até seus opositores ficavam maravilhados com suas palavras. Em pouco tempo, ficou conhecidíssimo. Com isso, sua sensibilidade passou por um grande teste. Vejamos.



Extraindo muito do pouco


    O assédio social e o excesso de atividades bateram fortemente à porta de Jesus. Aparentemente, ele não tinha mais tempo para nada. Deveria apenas se preocupar com os aplausos, em manter sua popularidade e cumprir seus compromissos sociais.

    Ele enfrentou duas provas nas quais os homens de sucesso frenquentemente fracassam:
    1 - Ter tempo para o mundo social, mas também ter tempo para si.
    2 - Preserva a simplicidade e a sensibilidade depois de se tornar um homem público, uma estrela social.

    Muitos que alcançam o sucesso social, intelectual e financeiro não alcançam o sucesso em ter qualidade de vida.  Eles têm tempo para todos, mas não para o que lhes dá prazer e para as pessoas que amam. Perdem sua singeleza à medida que se atolam nas atividades. Mendigam o pão da alegria. Há muitos mendigos vivendo em luxuosos condomíniose trabalhando em belíssimos escritórios. Você mendiga esse pão?

    Deixe-me contar uma história para mostrar como o Mestre da qualidade de vida enfrentou uma situação e trabalhou a arte da contemplação do belo. Certa vez, no auge da fama, milhares de pessoas caminhavam seguindo os seus passos, espremendo-se para ouvi-lo e para vê-lo.

    A comitiva era enorme, os problemas também. Cada pessoa tinha algo que gostaria que ele resolvesse. A certa altura, ele parou a comitiva. Todos se aquietaram. Esperavam mais umm gesto miraculoso, mais um eloqüente discurso.

    Todavia, para espanto dos presentes, não abriu a boca. Arregalou seus olhos como se visse algo fenomental. Foi em direção ao vazio. Os mais próximos piscavam os olhos para ver o que ele via, mas não viam nada. Como garimpeiro que achara um precioso veio de ouro, caminhou em direção ao foco. Parou e contemplou.

    Ninguém entendeu seu gesto. De repente, ele falou poeticamente: "Olhem!". "Ver o quê?", as pessoas se perguntavam. Então ele disse: "Que lírios encantadores!" E Encorajou os presentes a observá-los atenta e embevecidamente.

    Em seguida, fez uma comparação que só quem viveu e nunca perdeu a arte da sensibilidade poderia fazer. Disse que aquelas pequenas flores eram tão belas que nem o rei mais explendoroso de Israel, o Rei Salomão, se bestira sequer como uma delas.

    Os discípulos, chocados, coçaram a cabeça e certamente pensaram: "Eu não entendo o Mestre. Há tantos problemas para resolver, tantos compromissos para cumprir e ele gasta o tempo com as flores!" Jesus estava querendo vaciná-los contra a doença do superficialismo emocional.

    Infelizmente, muitos que estudaram Jesus de Nazareh, ao longo dos séculos, não investigaram os meandros da sua psique, os bastidores dos seus gestos. Portanto, não tiveram a oportunidade de estudar o território da sua emoção e perceber que ele atingiu o topo da saúde psíquica. Ele foi o mestre da sensibilidade. Muitos queriam milagres, mas ele demonstrou que o maior milagre estava em descobrir os segredos das coisas simples e quase imperceptíveis.

    Se você se preocupar com os grandes eventos, prestígio social e compromissos e desprezar as coisas mais simples da vida, certamente não terá saúde emocional.

    Essas Leis da Qualdiade de Vida são Universais. Se um índio ou um africano de uma tribo primitiva não contemplar o belo nas pequenas coisas, eles também destruirão sua qualidade de vida. Entretanto, nessa área, eles têm muito mais a nos ensinar do que nós a eles, com nossos museus, moda, TV, etc.

    Jesus contemplava tanto os elementos da natureza, como as sementes, as árvores, o tempo, o spássaros que os utilizava com maestria em suas parábolas para promover a arte de pensar. Ele foi o Mestre dos mestres da qualidade de vida porque sempre achou tempo para fazer das pequenas coisas um espetáculo aos seus olhos.

    E você?





PAINEL I (pontos sugeridos para reflexão e discussão):


    1 - Contemplar o belo é ser rico sem ter grandes somas de dinheiro. Você é emocionalmente rico ou falta-lhe o pão da alegria? Contemplar o belo é escrever um romance com a vida. Você tem escrito esse romance?

    2 - A emoção pode envelhecer rapidamente. Você é jovem no território da emoção ou se sente envelhecido, estressado, assaltado por preocupações? É uma pessoa mal-humorada? Tem tido sintomas psicossomáticos?

    3 - Uma das causas da ansiedade, impaciência, insatisfação, é a falta de contemplação do belo. Você é especialista em ver seus defeitos no espelho? A ´paciência tece a sua história?

    4 - O Mestre dos mestres passou por estresse e perdas desde a sua infância, mas foi saudável e tranquilo. A dor o construiu, Ele tornou-se um artesão da personalidade humana porque foi um grande observador. Você é uma grande obervador?
Consegue extrair o prazer das coisas simples?
Tem libertado a criança que vive em seu interior?

    5 - No auge da fama e dos compromissos, o Mestre da sensibilidade fez muito do pouco.
Você faz muito do pouco?
Vive atolado em atividades?





PAINEL II (exercícios para prática diária):


    1 - Faça um relatório das características da lei "CONTEMPLAR O BELO", descritas no início desse capítulo, que você precisa desenvolver.

    2 - Faça um relatório das coisas belas que estão ao seu redor. Repare no detalhe dos quadros de pintura, na anatomia das flores dos jardins, no estilo da sua casa, nos comportamentos das pessoas.

    3 - Cuide de plantas. Escreva poesias. Refine seu prazer de ler, pintar, cantar. Role no tapete com as crianças. Valorize as coisas que são aparentemente simples.

    4 - Exercite sentir-se  uma pessoa bonita interiormente e exteriormente. A beleza está nos olhos de quem a contempla... Não seja escravo do padrão de beleza da mídia.

    5 - Fique 10 minutos por dia em silência contemplativo. Ou durante o trabalho, faça pequenos relaxamentos de um ou dois minutos e observe as coisas belas ao seu redor. Contemplar o belo coloca combustível no prazer de viver. Falar de qualidade de vida sem contemplar o belo é construir uma miragem.

FAÇA UM RELATÓRIO DOS SEUS EXERCÍCIOS DURANTE A SEMANA. 
O QUE PRATICOU E QUAL FOI O RESULTADO.

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